Falando de justiça...

Vamos falar um pouco de política hoje? Encontrei um texto do Advogado Rodrigo Angélico, que expressa claramente sua opinião sobre os aspectos do nosso país em relação a justiça. Boa leitura!


A Justiça Falha por Tardar

     Quem já não ouviu esse jargão 'A Justiça tarda, mas não falha'? Se formos pensar melhor, isso é uma grande inversão. A justiça falha justamente por tardar. O que adianta o alívio ou a recompensa na justiça, quando o dano se tornou irreparável pelo tempo? A verdade é que a sociedade como um todo está infelizmente montada numa estrutura invertida e patológica e o Direito não é nenhuma exceção.
     De maneira que precisamos todos, operadores do Direito: advogados, juízes, procuradores, promotores, etc., ter em mente alguns pontos fundamentais sobre a ciência da psico-sóciopatologia, desenvolvida por Norberto Keppe, para produzirmos uma justiça de qualidade. 




     Estou convencido de que, quando se aplica uma norma ao fato em concreto, se não tivermos conhecimento dos aspectos básicos da patologia, tais como a megalomania, inversão, intolerância, e a paranóia, ao invés de aplicar sabedoria, buscar a verdade, ou justiça, estaremos fazendo do processo um meio de "identificação projetiva", ou seja, estaremos projetando nas circunstâncias processuais os nossos problemas inconscientes. Em outras palavras, é trazer para dentro do processo, além dos fatos, todo o universo interior patológico das emoções que contaminam e deturpam a verdade.
     Em minha militância como advogado, percebo claramente que algumas vezes o processo é, de um lado, o trabalho do advogado em atender os interesses de seu cliente (será que todos esses interesses são sempre de fato legítimos?) e, de outro lado, o do juiz, que muitas vezes demonstra claramente seu desinteresse pelo processo. Esse desinteresse demonstra, não raro, a resistência psicológica por parte de juízes em lidar com o reflexo de suas problemáticas internas dentro do processo.
     A seguir transcrevo um relato de uma colega de trabalho, Dra Flávia, que ilustra com clareza um aspecto patológico, nesse caso, dos juízes:
     “A lei prevê a igualdade entre juízes e advogados, bem como o direito destes últimos serem recebidos por aqueles. Entretanto, tenho percebido que nos últimos anos é enorme a dificuldade de acesso à maioria dos gabinetes dos juízes de Primeira Instância, para despachar petições ou mesmo expor algum fato novo que precisa de maior atenção.”
     Não é difícil o leitor perceber que a atitude de alguns juízes, é de se isolar, confundindo claramente sua pessoa com o cargo que ocupam. Acredito que o narcisismo de alguns indivíduos, ou seja, viver voltado às suas próprias ideias, em vez de se concentrar no mundo externo e real, torna ainda mais difícil a tarefa.
     “Não existe nada mais antiético do que permitir que as emoções vaguem à solta, pois se trata da substituição da realidade pelo mundo alienado dos sentimentos ruins.” (A Libertação da Vontade pag 120. Norberto Keppe - Editora Proton).
     Tudo que fazemos espelha aquilo que somos, pensamos e sentimos, por isso, a necessidade, de uma psique equilibrada, para que o processo como um todo cumpra a sua função de justiça.

Fonte: Direitos Humanos

K. Sthéfany

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